domingo, 4 de dezembro de 2011

‘Por favor, me deixem viver’, diz viúva da Mega-Sena

Adriana Almeida foi absolvida da acusação de ter sido a mandante do assassinato do milionário Renné Senna 
A viúva Adriana Almeida na portaria de seu prédio em Arraial do Cabo Foto: Fabiano Rocha / O Globo
         A ex-cabelereira Adriana Almeida chegou a Arraial do Cabo por volta das 8h deste domingo. Por volta das 13h30, ela saiu do prédio com óculos escuros, cabelo alisado e macacão de malha. A viúva da Mega-Sena, como ficou conhecida, percorreu cerca de 1km até um posto de gasolina sem abrir o vidro do carro. De dentro do veículo, falando ao celular, fez sinal de que não falaria com a imprensa.       Porém, na volta para casa, ao entrar no prédio, decidiu falar:
        - Não vou dar entrevista agora. Vamos marcar uma coletiva. Estou muito cansada com isso tudo
            Questionada se estava feliz, disse que estava muito bem, e encerrou:

           - Por favor, me deixem viver. Bastam cinco anos da minha vida que eu já perdi com isso tudo.

        A decisão do Tribunal do Júri de Rio Bonito foi tomada após cinco dias de julgamento. Ela chorou bastante e, após abraçar parentes, deixou o plenário acompanhada de seu advogado, Jackson Rodrigues, sem falar com os jornalistas.
           A decisão do júri surpreendeu o Ministério Público, que, logo depois da leitura da sentença pela juíza Roberta dos Santos Braga Costa, anunciou que vai recorrer.
Segundo o MP, o veredicto foi "manifestamente contrário às provas dos autos".
         — Estou absolutamente convencida de que Adriana foi a mandante do crime. Infelizmente, essa não foi a convicção dos jurados. Vou me empenhar para que o próximo julgamento aconteça o mais breve possível — declarou a promotora Priscila Naegeli Vaz.O advogado de defesa, Jackson Rodrigues, argumentou que as provas contra sua cliente eram falhas:
      — Cabe agora ao MP investigar tudo novamente. Acreditei na inocência dela desde que a conheci.
          Os outros três réus do caso, os policiais militares Ronaldo Amaral e Marco Antônio Vicente e a professora de educação física Janaína Silva de Oliveira, também foram inocentados da acusação de assassinato, conforme havia sido pedido pelo Ministério Público.

Juíza sugere acordo entre as duas herdeiras
           A juíza Roberta dos Santos Braga Costa, da 2ª Vara de Rio Bonito, aconselhou a viúva Adriana Almeida e Renata Senna, filha de Renné Senna, a entrarem num acordo para pôr fim à briga na Justiça pela herança deixada pelo milionário, avaliada atualmente em R$ 100 milhões. Em seu testamento, Renné deixou 50% de sua fortuna para Adriana e a outra metade para Renata. Em fevereiro, a filha do milionário entrou com um processo de indignidade para que a ex-cabeleireira perca o direito sobre a herança.
          — A minha competência se limita ao processo criminal. Com a absolvição de Adriana, acredito que o ideal seria que houvesse uma divisão entre as duas herdeiras. Acho que elas deveriam fazer uma conciliação processual para que fosse possível resolver essa questão rapidamente — disse a juíza.
       A magistrada acumula interinamente a 1 Vara de Rio Bonito, já que o juiz titular Marcelo Espíndola está de licença médica e só deve retornar ao trabalho nos primeiros dias de janeiro, mas não tomará qualquer decisão no processo sobre o patrimônio de Renné Senna.

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