domingo, 4 de setembro de 2011

Presidente da Câmara de Rio Bonito proíbe filmagem durante sessão


Por Mariana Penha



            O clima esquentou na Câmara de Rio Bonito, durante a sessão do último dia 16. O desentendimento começou porque Rogério Helayel Tavares Filho, a pedido do vereador Humberto Belgues, filmava a reunião. Incomodado com a atitude, o presidente da Casa, Marcus Botelho, repreendeu o rapaz, alegando que a gravação não era permitida. Além disso, Botelho exigiu que o equipamento fosse desligado, caso contrário, a polícia seria acionada. Com os ânimos exaltados, o presidente da Câmara optou por encerrar a sessão.

          A confusão começou quando o vice-presidente Carlos André Barreto de Pina, o Maninho questionou ao presidente se a filmagem estava de acordo com o artigo 288, parágrafo único, do Regimento Interno da Câmara. Segundo o documento, “cada jornal e emissora poderá solicitar à Presidência o credenciamento de representantes em número não superior a dois de cada órgão, para os trabalhos correspondentes à cobertura publicitária”. Botelho respondeu que a filmagem não havia sido autorizada e, por este motivo, seria “ilegal”.

       Então, Humberto tentou explicar aos colegas que era proprietário do equipamento e a gravação estaria disponível em seu site. “Como eu não tinha ninguém para fazer a filmagem, eu pedi que Rogerinho filmasse a sessão. As imagens serão disponibilizadas no meu site, para que a população acompanhe as minhas atividades parlamentares. O Regimento não diz nada sobre isso”, justificou Humberto.

         Botelho rebateu os argumentos do colega. “Se eu morrer porque essa filmagem passou por algum capanga, vossa excelência será responsável por isso. E se por ventura for feita uma montagem, vossa excelência também será responsável. Entendo que o vereador Humberto seja uma pessoa que possa me ameaçar de morte”, disse o presidente da Câmara.

         A declaração foi suficiente para despertar reações acaloradas entre os parlamentares. O presidente da Casa disse que a sessão só seria retomada depois que Rogério Helayel fosse retirado do plenário. “Caso ele não saia, peço que algum funcionário vá a delegacia dar ciência ao delegado e que ele traga um policial para retirar essa pessoa. Não vou dar seguimento à reunião, enquanto essa pouca vergonha, essa molecagem, estiver acontecendo”.

          Com o reinício da sessão as discussões continuaram, alimentadas pela presença de guardas municipais dispostos a prenderem a pessoa que estava filmando. Imediatamente Humberto pegou o equipamento e disse: “Vossa excelência vai ter que me prender, porque não vou parar de filmar”. Diante do impasse, o presidente decidiu encerrar os trabalhos.
          
          Apesar dos desentendimentos, a sessão do dia 18 foi filmada pelo vereador Humberto sem nenhum impedimento, não havendo discussão sobre os fatos anteriores. Porém, o vereador solicitou explicações ao presidente da Casa sobre a acusação. “Gostaria que explicasse, futuramente, quando se disse ameaçado pela minha pessoa. Não entendi o motivo, visto que nunca houve animosidade entre a gente, e as discussões estavam no campo dos debates ideológicos”, questionou Humberto
Foto: Flávio Azevedo


Marcus Botelho disse que a gravação não havia sido autorizada e, por este motivo, seria “ilegal”

Um comentário:

  1. Hipólito José da Costa5 de outubro de 2011 às 06:13

    Ainda que em nossa imprensa existam uns poucos jornalistas que se dedicam ao ofício com a necessária isenção, a regra em nosso município tem sido outra. Boa parte dos profissionais age em defesa de interesses políticos ou mesmo outros que não os da verdade nua e crua.

    Chega ser vergonhoso na imprensa saquaremense a enorme diferença de tratamento dispensada ao “grupo” do deputado e aos seus opositores. Se por um lado Paulo Melo conta com enorme boa vontade da “mídia”, a oposição é alvo de tratamento antidemocrático.

    Empresários e jornalistas tem todo o direito de ter suas preferências partidárias. O problema, porém, é quando essas escolhas políticas desvirtuam por completo uma prática profissional onde isenção e credibilidade se fazem necessárias.

    O silêncio da imprensa não é apenas constrangedor, mas também vergonhoso. De todo modo, a população apesar de inconformada, não se surpreende, pois jamais poderia esperar coisa melhor de uma imprensa manipulada, mais preocupada em vender espaços publicitários que com notícias. É o que vulgarmente chamamos de “imprensa chapa-branca” que privilegia alguns políticos, sabe lá Deus por quais interesses em detrimento da informação.

    Deve ser triste formar-se em jornalismo e ter que se dobrar à força de um político que paga nosso salário. Publicar somente o que é ordenado quando temos entalado na garganta um grito contra o cerceamento da informação.

    Por certo deveríamos usar as páginas de tais veículos de comunicação como forro de gaiola de passarinhos. Ao menos lá os canários farão um serviço sujo, porém justo.

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